Case Study 1: A licra como indutora à socialização entre indivíduos praticantes de BTTExcertos de Tese - Matula
Enquanto aluno de mestrado da Universidade do Minho com a tese O Fenómeno BTT em Portugal: Estudo Exploratório da Motivação, é com enorme satisfação e agrado que venho por este meio comunicar que irei tornar públicas, neste espaço, algumas conclusões resultantes desse estudo. Sendo que adoptei como metodologia para esta investigação a observação participante, estou convicto que estes textos constituirão um contributo pertinente para uma melhor compreensão do fenómeno, à luz de uma abordagem científica inovadora.
Poderão consultar regularmente neste Blog (o primeiro a ser certificado pela Norma ISO 9000), alguns axiomas antropológicos e culturais intrínsecos à prática do BTT, muitos deles até agora completamente desconhecidos, ignorados e mesmo banidos dos anais pela comunidade científica e GLS nacionais.
Palavras-chave: Licra, nádegas, “roda”, acasalamento.
Facto
É certo e sabido que os praticantes do BTT usam roupas de licra, justas ao corpo, com especial preocupação na forma como os calções ou calças desse material lhes repuxam as nádegas e as distribuem uniforme e proporcionalmente no selim. Mas por que o fazem? Porquê esta indumentária e não outra? As respostas mais frequentes, segundo um inquérito levado a cabo a uma amostra de 1200 praticantes da modalidade, são:
- 22% dos inquiridos responderam que usam licra porque a ganga e outros materiais não lhes favorece tanto o corpo, os magoam nas “pudenda” e sujam-se facilmente com óleo da corrente;
- 27% dos inquiridos responderam que usam licra pois é um material que permite “sentir” melhor o selim e as irregularidades do terreno;
- 23% dos inquiridos responderam que a licra tem a dupla vantagem de se poder manter neutra ou então combinar com os vários cenários possíveis (urbano, montanha, floresta, etc.), pelo que os seus utilizadores nunca se sentem démodées;
- 26% dos inquiridos responderam que é um material fácil de despir e voltar a vestir, para eventualidades que surjam em zonas de prova sem sanitários ou sacos-cama;
- Por fim, só 2% dos inquiridos assumiram que são paneleiros.
Uso de licra - explicação do fenómeno
Comportamento típico de indivíduos que se sentem atraídos pelo mesmo sexo, serve sobretudo para estimular a competitividade dos elementos da comunidade BTT e para potenciar a produção de testosterona, posteriormente canalizada para os preliminares de acasalamento. No âmbito dessa tensão antecipada, o “vai à roda” surge como uma inteligente expressão etnográfica na qual “roda” alude à forma que as nádegas do ciclista da frente adquirem quando contempladas pelo colega que o segue. O objectivo é a máxima aproximação à “roda”, podendo este ritual de acasalamento ser comparado ao do Pinguim Homo-Imperador (Aptenodytes rabetus forsteri) caso os pinguins andassem de bicicleta. A atitude que revela a aceitação do potencial parceiro que lhe quer ir à roda é o levantamento da rabadilha e alcatra do selim por parte do indivíduo que vai à frente, exibindo todo o esplendor das nádegas, bíceps femural e gémeos ao parceiro de trás. Esta exuberância, amiúde, resulta em avarias mecânicas propositadamente induzidas pelos intervenientes em locais de vegetação densa.
Também o “atira a corda”, sobejamente conhecida nos meandros do BTT, é uma expressão utilizada como galanteio aos colegas que passam, numa dualidade de significado que, mais que sugerir, exige a concessão, para posse e usufruto imediato, do órgão sexual masculino.
Não raras vezes ambas as expressões conjugam-se numa mesma frase, criando uma sinergia poética que, pela ideia, significado, fonética e impacto, raiam a perfeição estrutural: “atira a corda e vai à roda”.
Próximos trabalhos:
- A depilação da perna no BTT: hedonismo, funcionalismo ou masoquismo?
- Sexo feminino: barreiras à entrada e discriminação.